segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Concelho do Seixal e a Fábrica de Lanifícios de Arrentela em 1862

Fonte: Archivo Pittoresco, Volume 5, 1862, pp. 164-167

FABRICA DE LANIFICIOS DA ARRENTELLA.

A fabrica de lanifícios que a nossa estampa representa desenhada do sitio mais frondoso e pittoresco com ser a mais recente de todas quantas ha hoje no districto de Lisboa tem já grande reputação no mercado pela variedade e perfeito acabamento dos seus productos.

Antes de darmos noticia da fábrica desejará o leitor conhecer o sitio onde ella está estabelecida qual é o logar da Arrentella na villa do Seixal outrora afamada pelas muitas quintas que alli tinha a nossa fidalguia e os frades excellentes brévias.

Devemos ao sr. Manuel Teixeira de Sousa acreditado facultativo d’aquella villa a resenha que se segue:

«O concelho do Seixal está situado na margem esquerda do Tejo fronteiro a Lisboa de que dista duas legoas. Consta de quatro freguezias a de NS da Conceição do Seixal, a de NS da Consolação da Arrentella, a de NS da Anunnciada da aldeia de Paio Pires e a de NS do Monte Sião da Amora. É povoado por 5.069 indivíduos distribuídos por 1.475 fogos.

As primeiras três freguezias estão assentadas num tracto de terra de forma mais ou menos regularmente triangular estendendo se de N a S uma legoa e de L a SE outro tanto pouco mais ou menos incluindo os casaes e pinhal que pertencem ás mesmas freguezias.

A villa do Seixal que é cabeça do concelho está situada na extremidade norte junto da praia banhada pelas aguas do Tejo que ahi fazem uma enseada a qual bifurcando se vae com uma das bifurcações para SE até se encontrar com as aguas do rio do Judeu e com a outra dirigida para noroeste banha a freguezia de Amora até expirar em Corroios Tem duas ruas principaes de forma semicircular com a convexidade para o norte e a concavidade para o sul algumas pequenas travessas e becos com dois ou três largos de pequena capacidade.

É formada por 603 fogos habitados por 1.125 indivíduos do sexo masculino e 1.106 do sexo feminino.

Não tem edifícios notáveis pelo contrario quasi todas as construcções são acanhadas e muitas sem condições de salubridade. Possue três fábricas de productos chimicos pertencente a Padrel & C pouco estabelecida, outra de sabão pelo processo hespanhol e outra de sola antiga e notável pelo seu bom fabrico.

Os habitantes do Seixal quasi todos se empregam na pesca fora da barra. Muito poucos são fazendeiros e ainda menos artistas.


Partindo do Seixal para sueste ao longo da banhada por um dos ramos da bifurcação da enseada fica a um quarto de legoa pouco mais ou menos logar da Arrentella situado numa encosta onde a maior parte dos habitantes da freguezia e a metros mais para SO está um logarejo chamado Torre da Marinha hoje notavel porque em suas faldas está edificada a fabrica que a estampa representa. Este logarejo com o logar da Arrentella e alguns casaes disseminados pelo Sul contém 338 fogos com 514 individuos do sexo masculino e 432 feminino. Os seus edifícios são também muito acanhados espalhados sem ordem e com tal irregularidade que nem formam o que se possa chamar uma rua.

No caminho do Seixal para a Torre encontra a quinta de Paulo Jorge onde está edificada a fábrica de productos chimicos, logo adiante a do Oiteiro pertencente a João Coelho de Abreu, em seguida a Val de Grou ou da Fidalga pertencente a Manuel Gama, a das Cavaquinhas e a do Cabral que estão mesmo no logar da Arrentella. Daqui até á Torre há mais pequenas propriedades pertencentes a diversos. Para o sul tanto do Seixal como da Arrentella há differentes quintas e muitos casaes com fazendas annexas.

A freguezia da Arrentella ainda se estende para sueste obra de tres quartos de legoa tudo pinhal que foi dos frades Jeronymos e hoje pertencente a herdeiros de Abraham Wheelhouse. Os seus habitantes quasi que exclusivamente se empregam na indústria agrícola.

Partindo do Seixal para léste encontra se a quinta de D. Maria onde existe a fabrica de sola que já mencionámos em seguida a da Trindade e ultimamente uma ponta de terra que entra pelas águas do Tejo e constitue o chamado rio de Coina onde estão situados dois grandes armazéns do estado e na praia contígua muita madeira sotterrada para construcções navaes. A este logar chama-se Azinheira. Voltando deste ponto para o sul segue o rio de Coina na extensão de uma legoa em cuja margem se notam algumas intercepções devidas a pequenas enseadas que faz o mesmo rio e que dão serventia pública e particular a differentes quintas que estão na ordem seguinte: Parte da dita quinta da Trindade, a dos Paulistas, duas azenhas de água salgada com quatorze pedras para moagem de trigos, a do Álamo, a da Madre de Deus com uma azenha também de oito pedras, a quinta do Descanço, a dos Loureiros, a da Ponte, a do Portinho, a de D. Maria (freguezia de aldeia de Paio Pires), a quinta das Cannas, a do Leilão, a do Lima, a da Palmeira, com uma azenha de sete ou oito pedras, a do Brejo (em Cucena), a Cabo da Linha, a Quinta Nova com um lagar de azeite. Segue se um pequeno tracto de pinhal que vai terminar junto de uma azenha chamada de José Moto onde finalisa por este lado o concelho. Quasi estas quintas nada tem de notável a não ser a deterioração de algumas e o pouco ou nenhum lucro de todas.

A freguezia de aldeia de Paio Pires está collocada nesta margem e começa no sitio de desembarque chamado o Portinho onde já notámos a quinta do mesmo nome. Está assente numa pequena eminência lançada de leste a oeste tem uma só rua tortuosa; os prédios têm mais alguma regularidade e condições de salubridade. É aqui onde habita o maior numero de gente achando-se o resto disseminado por differentes e pouco importantes quintas e casaes ao sul e oeste. Tem 259 fogos 562 habitantes do sexo masculino e 527 do feminino empregando-se todos na lavoira.

Como se vê por esta resenha estas tres freguezias formam um triangulo estando a do Seixal na extremidade norte a da Arrentella na de sueste e a de aldeia de Paio Pires na extremidade de leste. Distam umas das outras um quarto de legoa pouco mais ou menos.

A freguezia da Amora fica fronteira á da Arrentella de que está separada em parte pela enseada do Tejo de que já fallamos que começa no Seixal e vae terminar por uma das suas bifurcações na fabrica de lanificios e em parte por um pequeno regato que chamam rio do Judeo o qual passa junto da mesma fabrica e lhe fornece as suas aguas. Esta freguezia pelo lado do sul e nascente é banhada pelas aguas de que ha pouco fizemos menção e pelas da outra bifurcação da mesma enseada que dirigindo se para noroeste vae terminar no logar de Corroios junto d’uma azenha de 8 pedras. A sua população é de 562 habitantes do sexo masculino e 527 do feminino habitando 279 fogos disseminados por uma área de meia legoa de norte a sul e outro tanto de leste a oeste pouco mais ou menos sem symetria nem arruamento. Tem hoje uma fabrica de moagem e descasque d arroz a vapor.

Pelas orlas das enseadas há differentes quintas de pouca notoriedade exceptuando a de S. Alteza a Serenissima Senhora D. Isabel Maria ao noroeste da freguezia para as bandas de Corroios onde se nota bello e antigo arvoredo, restos de antigos tanques e cascatas tudo deteriorado e como abandonado.

Eis em resumo a descripção das freguezias que constituem o concelho do Seixal o qual está cingido pelo de Almada ao norte e noroeste pelo de Cezimbra a oeste e soeste pelo sul por o de Azeitão pelo norte em parte e pelo nascente pelas águas do Tejo. O terreno é accidentado argilo-arenoso predominando mais na grande maioria da extensão o ultimo principio. É muito próprio para vinha sem deixar de ter aptidão para outras culturas, Arvores d espinho e caroço dão se em alguns sítios excellentemente. Os legumes e cereaes também se criam menos mal segundo o favor da estação. A propriedade está muito dividida. A videira é o género escolhido e preferido para as plantações intermeiadas e orladas d’árvores de differentes géneros e espécies. Pelo meio das vinhas semeia-se milho e feijão. Os fructos são excellentes a uva é especial e produz vinho magnifico para exportação. Os outros fructos são muito procurados, a laranja talvez seja a primeira que sae para os portos de Inglaterra. O terreno com quanto não d’uma fertilidade admirável comtudo se não ainda luctando com as epidemias vegetaes indenmisava bem o lavrador do seu constante e arduo trabalho. A producção do vinho que era donde o lavrador esperava o reembolso e remuneracão hoje reduzida a 1/5 ou ¼. De um mappa official obtido da administração se pode ver a somma productos mais importantes deste concelho 508 pipas ha dez ou doze annos era de 3 000, azeite 35, trigo 4 668 alqueires, milho 31 476 ditos, centeio 1926, cevada 988, feijão 7 500, fava 30, grão de bico 106, laranja 1 777 milheiros ou 1 161 caixas inglezas, limão 4 milheiros, lã 168 kilogrammas, mel 143, cera 20. Há também um producto importante em lenha de pinho que é uma das arvores florestaes que melhor se dá aqui e de que há grande quantidade de sorte que os pinhaes formam um cerco ás quatro freguezias.

As aguas d’este sitio são excellentes em quasi todas as quintas. No Seixal há um unico poço de boa água e abundantes nascentes. Na Arrentella há outro porém não é tão bom. Na aldeia de Paio Pires também se extrahe de um único poço porém muito assalobrada. Usam d’ella para lavagens para beber vão buscá-la ás quintas particulares. A Amora tem bella água que rebenta continuamente por de um muro junto á praia O povo provêm-se d’ella nabaixa mar porque a maré quando está em meio cobre a nascente. A câmara municipal já está auctorisada para remediar este inconveniente e necessita também de augmentar a quantidade d’agua nas freguezias e procurar outra melhor na aldeia de Paio Pires.

Os habitantes do Seixal são repetimos quasi todos pescadores. Para mais nada tem aptidão donde lhe provém ficarem expostos á miséria nos invernos tempestuosos. Os das outras freguezias são laboriosos. Desde crianças que vão habituados aos trabalhos do campo e é raro que se destinem para outros misteres e nenhum que eu saiba para as letras.



A salubridade do concelho na maior parte do anno é regular. De julho até outubro e novembro apparecem as febres intermittentes e remittentes de todos os typos e generos assolando os trabalhadores e as povoações mais visinhas dos arrozaes que se tem feito nestes últimos annos em larga escala nos concelhos limitrophes. O augmento e a perniciosidade d’estas febres tem se declarado na razão directa do incremento que tomaram os arrozaes e do descuido da limpeza das vallas nos logares brejoeiros. Há bem fundadas esperanças de melhorar a saúde publica quando se transformar em lei vigente o projecto do respectivo ministro fundado num extenso relatório onde a sciencia, a razão e os factos escrupulosamente apreciados por uma competentíssima commissão elaboraram a sentença condemnatoria.

A villa do Seixal pelo seu acanhamento pela péssima construcção das casas, pela densidade da população, pela natural disposição para o pouco aceio e limpeza era muito sujeita a epidemias. Depois que as autoridades mandaram calçar as ruas e fazer a limpeza dellas com uma tal ou qual regularidade e que os habitantes tem sido por vezes admoestados para observarem as regras hygienicas compativeis com o seu estado é que se tem ganho muito e mais se ganharia se os habitantes na sua grande maioria não reincidissem na infracção das admoestações e mesmo das posturas municipaes.

A falta de educação não lhes deixa perceber a vantagem da austera observância dos preceitos da limpeza do corpo, das casas e das ruas».

O logar da Arrentella donde esta fabrica tomou o nome por alli estar situada tem origem descouberida quanto a sua etymologia. Uns dizem que por ser terra levantada e despenhada para a parte do mar lhe chamaram os antigos Arrectatellus outros que já se denominou Arrentella por causa de estar em sitio levantado onde commummente reinam os ventos Alguns poremm dizem que se deve ser Arrentella por ter muitos arenosos 0 certo é que desde muito tempo se chama Arrentella.

Por ser logar mui abundante de águas e à beira do Tejo estabeleceu alli um Audré Durrieu no principio deste século um lavadoiro de lãs acrescentando o seu estabelecimento com armazéns casas e brejos que aforou aos frades do Carmo senhorios de parte daquelles terrenos.

Em 1831 comprou o governo ao referido Durrieu esta propriedade por três contos de réis para alli estabelecer uma fábrica de mantas para o exército.

Esta fábrica não durou muitos annos, os armazens arruínaram-se até que se venderam juntamente com outros bens dos frades a João Rodrigues Blanco que a renovou para alli estabelecer uma fábrica de estamparia de algodões a qual prosperou por muito tempo até que decaiu com a alteração dos direitos da pauta.

Esteve fechada por alguns annos e em 1855 o sr. Júlio Caldas Aulete formou uma parceria mercantil para alli fundar uma fábrica de lanifícios com o capital de 160:000$000 rs em acções de 100$000 rs. Começaram logo as edificações necessárias compraram-se machinas para trabalhar a vapor e em 1858 começou a fabricar produzindo logo no primeiro anuo 10.650 metros de pannos pretos, azues e mesclas.

Em 1859 entrou para gerente administrador desta parceria o sr. Manuel Egreja que lhe deu grande impulso e tanto que nesse anuo produziu a fábrica da Arrentella 21.475 metros das mesmas fazendas e diversas casimiras de côres.

No anno de 1861 já os productos tinham adquirido tal perfeição que esta fábrica mandou á exposição industrial do Porto um variado sortimento de pannos aveludados casimiras e castorinas de diversas cores mesclas finas e ordinarias tudo escolhido no seu depósito e não expressamente fabricado para a Exposição. Também remetteu juntamente varias amostras de fio de lã de diversas côres.

Esta fabrica foi uma das premiadas n’esta Esposição.

No mesmo anuo de 1861 produziu a fabrica da Arrentella perto de 40.000 metros dos diversos tecidos já mencionados.

Para elevar o seu capital a 200:000$3000 rs foi a parceria da Arrentella transformada em companhia por escriptura de 10 de maio próximo passado. Tem esta fábrica uma excedente machina de vapor da força de 48 cavallos que trabalha continuamente com toda a sua força. É obra da officina nacional do sr Colbires e a primeira que se fez em Portugal.

Tem mais 6 machinas de fiação com 1.500 fusos, 32 teares mechanicos além dos teares niauuaes diversas machinas de lavar cardar urdir lustrar e outras para tinturaria ludas aperfeiçoadas Possue além d isto as necessarias clTicinas de serrai heria e carpintaria etc.

Calcula-se em 150 rontos de réis o valor dos edificios machinas utensilios lã em deposito ete 0 edilicio que mostra a nossa gravura é o da fabrica separado das outras offieiuas Consta de tres pavimentos Ao terreo está o motor o lavadoiro ea tinturaria No segundo os teares no terceiro a fiação e trabalhos de acabamento.

Emprega diariamente termo médio 160 operarios entre homens mulheres rapazes e raparigas.

Este trafego tem aviventado o legar da Arrentella dantes Ião pobre e inculto por faRa de trabalho para a maioria da povoação.

As lãs que alli se consomem são do termo de Lisboa do Alemtejo de Hespanha de Buenos Ayres e de Alemanha toda de boa qualidade de que tem sempre grande deposito.

Muitos productos d esta fabrica rivalisam já com os das estrangeiras e de dia para dia se aperfeiçoam.

A presidencia da direcção da nova companhia foi confiada pela assembléa geral ao sr Manuel Egreja poderoso capitalista que apesar de ser subdito hes panhol é um dos mais zelosos e benemeritos promotores da nossa industria 0 grande capital que tem empregado n esta fabrica o desvelo e intelligenciacom que a tem feito progredir promette um esperançoso futuro a este estabelecimento e vantajosos lucros aos accionistas.

História da Paróquia de Arrentela e da Torre da Marinha

(Nota: Este Artigo poderá ser revisto no futuro caso se justifique, e quaisquer revisões serão assinaladas com a respectiva [DATA])


A Arrentela é povoação antiga, sendo já citada em Crónicas do século XIV, no entanto a ocupação humana destes lugares é muito mais antiga como comprovam as recentes escavações de uma Villa Romana na Quinta de S. João e na Quinta da Laranjeira ou das Laranjeiras (com vestígios dos Períodos Romano, Medieval e Moderno).
Foi no entanto por volta da segunda metade do século XIV, princípios do século XV, que os lugares ribeirinhos da Baía do Seixal (a chamada «Barca de Martim Afonso») começaram a ser mais aproveitados economicamente como documentará mais tarde a construção de vários moinhos de água nas suas margens. Por outro lado e já no século XV o início da epopeia marítima trouxe até estas margens novas actividades ou desenvolveu as existentes como a construção naval ou a produção de bens alimentícios como o biscoito ou ainda a vinha, basta lembrar que já nesse século e no seguinte os vinhos do Seixal, junto com os de Caparica, eram dos mais famosos da Europa .

Na segunda metade do século XVI Gaspar Frutuoso na sua obra Saudades da Terra ao descrever esta margem do Tejo fala do «Seixal também chamado Arrentela, onde se dão muitos bons vinhos de carregação para a Índia» (cit. Francisco M. Silva, Ruralidade em Almada e Seixal. Tese de Mestrado, 2008, p. 17).

É todo este desenvolvimento económico que traz a estas paragens novas populações que por sua vez se vão constituindo em novas comunidades cada vez mais reivindicativas dos seus direitos, entre eles o direito a não enterrarem os mortos longe dos seus entes queridos, o direito a terem um lugar onde pudessem assistir ao culto religioso sem terem de se deslocar às sede municipal, e por fim o direito a elegerem o seu próprio ministro ou capelão sem terem de estar dependentes das disponibilidades de terceiros.

É assim que nos lugares mais distantes do termo da vila de Almada (onde Arrentela se inseria nesse tempo) que nos séculos XIV-XV vão sendo edificadas pequenas ermidas e onde a partir do último quartel do século XVI se estabelecem novas freguesias com capelão para a cura das almas eleito pelos fregueses dessas ermidas.

(Cruzeiro de Arrentela, local de culto mais antigo do lugar ?)

É neste contexto que surge a Freguesia de Arrentela, não sabemos em que data e muito menos em que ano exacto, sabemos apenas que essa erecção aconteceu por iniciativa do povo que se reunia regularmente na sua «Ermida de Santa Maria de Arrentela», a qual já existia pelo menos antes de 1478 (ano em que foi visitado pelos visitadores da Ordem de Santiago), o qual impetrou junto da Santa Sé uma Petição de Licença para terem um Capelão com Cura de Almas que fosse eleito e sustentado pelos próprios fregueses com a obrigação de dizer missa na sua ermida nos Domingos e Dias Santos e de ministrar os demais sacramentos.
Foi aliás processo idêntico ao verificado na Caparica (que alcançou esse direito em 1472) assim como na Amora (que já tinha capelão com cura de almas em 1527).

As inscrições mais antigas na Igreja de Arrentela apontam a sua edificação próxima de 1519 e 1522 (data de um enterramento testemunhado numa bela pedra tumular, junto a capela-mor). Dedicada a N.ª Sr.ª da Consolação, este título poderá ter alguma influência do Convento Paulista de N.ª Sr.ª da Consolação de Alferrara, no termo de Palmela, fundado em 1383 e reformado em 1428 por Mendo Gomes Seabra, sabendo-se que era, no início do séc. XVI a casa religiosa mais próxima deste lugar e que eram estas comunidades religiosas que muitas vezes assistiam às populações mais distantes das matrizes paroquiais.

Os primeiros registos paroquiais, fruto das reformas decididas pelo Concílio de Trento, datam já de 1581, sendo dos mais antigos do concelho do Seixal.

Em 1620, segundo Frei Nicolau de Oliveira (Livro das Grandezas de Lisboa), Arrentela tinha 350 fogos, com 890 habitantes.

(Igreja Matriz de Arrentela)

Na primeira metade do século XVIII (Dicionário Geográfico de 1747) o pároco de Arrentela tinha o título de Cura, e a paróquia tinha «quatro Irmandades: uma do Santíssimo Sacramento com seu capelão, outra das Almas também com seu capelão, tem outra de São Pedro, e outra de Nossa Senhora do Rosário; e uma confraria do Senhor Jesus, e Nossa Senhora da Soledade com um capelão a quem pagam os homens do mar do seu bolsinho, como também o partido do Médico, Cirurgião, e Boticário, e de presente tiram para as obras da Igreja a metade do ganho dos seus barcos».

Com o terramoto de 1755 ruiu a Igreja Paroquial, pelo que houve a necessidade de a reedificar, obra levada a cabo pelo povo da freguesia que por ser fabriqueiro da mesma teve de fazer esta obra sem mais apoio do que a força e trabalho do mesmo.

(Memorial da reedificação da Igreja Matriz)

No século XIX o pároco de Arrentela já tinha o título de Prior e a maioria das Confrarias ou Irmandades já tinham sido extintas.

Foi ainda durante o século XVIII que foram subtraídas à área da paróquia da Arrentela novas freguesias que se estabeleceram nos lugares do Seixal, por Provisão de D. Tomás de Almeida, 1.º Cardeal Patriarca de Lisboa, dada em 23 de Junho de 1734 (Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno, Vol. 9, pp. 76-81), e de Aldeia de Paio Pires, por Provisões dadas pela Ordem de Santiago, em 23 de Janeiro de 1797 (DGARQ-TT, Ordem de Santiago, Chancelaria de D. Maria, Liv. 7, fól. 24), e pelo Cardeal Patriarca de Lisboa D. José de Mendonça, em 25 de Fevereiro de 1797 –(Patriarcado de Lisboa, Arquivo Histórico, Ms. 298, fól. 217).


Torre da Marinha
A localidade da Torre ou Torre da Marinha é uma das mais antigas da Freguesia de Arrentela e seu nome poderá ter uma de duas origens: ou uma antiga Torre de Vigia, ou uma antiga Casa senhorial acastelada que aqui terá existido, conforme parece indicar uma escritura de arrendamento lavrada em Lisboa em 4 de Setembro de 1572 por uma tal de «Valentina Brandoa, viúva de Lourenço de Moura, moradora no Castello da sua Quinta da Senhora da Consolação na Arrentela» (Index de Notas de Vários Tabeliães de Lisboa, Vol. IV, p. 149).

Ao topónimo Torre juntou-se mais tarde o «da Marinha» para a distinguir da outra Torre que existia no século XVIII termo de Almada, a Torre de Caparica.

Na Torre da Marinha havia uma quinta que era conhecida pela Quinta da Torre, que sabemos ter existido em 1590 (Vieira, 1993, V.1, p.347) e que em 1621 pertencia a Valentim Themudo.

Sabemos também que na Torre ou próximo dela houve até ao século XVIII-XIX pelo menos 3 capelas particulares onde se podia dizer missa, a saber:

- A Ermida de St.ª Ana, na Quinta Nova «do Inglês», que em 1758 pertencia a Bartolomeu Xavier, seria contudo mais antiga pois já em 1675 se celebrou um casamento na Quinta Nova (DGARQ-ADS, Registos Paroquiais, Arrentela, Casamentos, Liv. 3, fól. 60) [Revisto em 21-9-2011];

- A Ermida da Quinta de S. Lourenço, na Lagoa Seca, que em 1676 pertencia a Manuel Antunes (DGARQ-ADS, Registos Paroquiais, Arrentela, Óbitos, Liv. 3, fól. 11v) e no século XVIII aparece referida nas Visitações eclesiásticas do Patriarcado de Lisboa;

- A Ermida de N.ª Sr.ª das Dores, edificada em 1803 pelo Pe. João António Correia na sua Quinta da Prata (Cf. Rui Mendes, «Património Religioso de Almada e Seixal: Ensaio sobre a sua história no século XVIII», Anais de Almada, 11-12 (2008-2009), pp. 67-138, 2010, Almada);


Já no século XX foi edificada a:

- A Capela de N.ª Sr.ª da Soledade, edificada cerca de 1937 (segundo parecia indicar um registo azulejar local, actualmente em depósito na C.M.S., com a imagem da padroeira e que registava esta data), na Quinta das Laranjeiras ou de N.ª Sr.ª da Soledade, antiga Quinta da Casa de Pau, que nos anos 60 pertencia a José Guilherme Carvalho Duarte, e onde já em 1805 havia um Oratório particular pertencente ao Capitão João Crisóstomo e Silva  (DGARQ-ADS, Registos Paroquiais, Arrentela, Casamentos, Liv. 9, fól. 77v) [Adicionado em 21-9-2011].



As condições naturais propícias, sobretudo com a abundância de água, trouxeram para a Torre a indústria dos lanifícios, primeiro com um um lavadoiro de lãs e depois com uma uma fábrica de mantas para o exército em 1831. É no entanto com a implementação em 1855 da Fábrica de Lanifícios da Arrentela por Júlio Caldas Aulete e que em 1862 se estabeleceu como “Companhia de Lanifícios de Arrentela”, que esta indústria ganha projecção quer nacional quer até mesmo internacional.

Em 1872, um grupo de operários da Companhia de Lanifícios de Arrentela fundou a Sociedade Filarmónica Fabril Arrentelense, que em 30 de Maio de 1901 recebeu do Rei D. Carlos o Título de «Real» (Nuno Borrego, Mordomia Mor da Casa Real, Tomo II, p. 542). Em 1914, a Sociedade Filarmónica Fabril Arrentelense fundiu-se com a Sociedade Honra e Glória Arrentelense dando origem à actual Sociedade Filarmónica União Arrentelense (SFUA) (http://www.sfua.pt/) [Adicionado em 21-9-2011].


É através da fixação de trabalhadores para a indústria que se vai consolidando urbanisticamente a Torre cujo núcleo central apresenta construções desse período 2.ª metade do século XIX e primeira do século XX.

Com o decréscimo da empregabilidade do sector dos lanifícios outros factores contribuíram para o crescimento urbano da Torre da Marinha, numa 1.ª fase a construção da Ponte sobre o Rio Tejo e respectiva ligação ao Fogueteiro assim como a instalação da Siderurgia Nacional em Paio Pires, numa 2.ª fase pós 25 de Abril o processo de descolonização seguido do boom urbanístico das periferias, sobretudo de Lisboa e Porto.

Em termos arquitectónicos e patrimoniais a Torre da Marinha apresenta um grande grau de descaracterização quer do seu património de cariz rústica quer industrial, sobrevindo as instalações fabris da Companhia de Fiação e existindo já poucos vestígios recuperáveis das antigas circundantes.

Do ponto de vista urbano o núcleo histórico apresenta algumas habitações da primeira metade do século XX.

Em termos de equipamentos para além das Piscinas [e do Pavilhão Municipal] apresenta-se como elemento arquitectónico mais característico a Escola Primária do Plano dos Centenários, tão típica da Arquitectura do Estado Novo, sendo neste caso uma obra de 1955 pelo Eng.º Rogério Leão de Almeida.
(Boletim do Ministério das Obras Públicas, 1955)

A construção e inauguração da nova Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima traz assim uma mais valia para o património, não só desta localidade, como também desta freguesia e deste Concelho.


RUI M. MENDES
Arrentela, 18 de Setembro de 2011

Torre da Marinha (Arrentela): Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima

O Homem Sonha, a Ideia Nasce, a Obra Acontece
O dia de 18 de Setembro de 2011 foi uma data histórica para a Comunidade da Torre da Marinha, localidade da Freguesia de Arrentela, no Concelho e Cidade do Seixal. Foi inaugurada e dedicada a nova igreja da localidade com o título de «Igreja de Nossa Senhora de Fátima da Torre da Marinha» e que irá passar a funcionar também como Centro Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Consolação de Arrentela, paróquia e freguesia de que esta localidade faz parte.

(Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima da Torre da Marinha)

Obra que nasceu do sonho de um homem, o Padre David Pinho Esteves, que tem estado à frente dos destinos da paróquia de Arrentela desde os anos 70, a nova Igreja é a concretização de um projecto que começou a tomar os seus primeiros passos à quase duas décadas, quando se formou na localidade da Torre da Marinha uma Comunidade Católica sob a protecção de «Santa Ana» padroeira de uma velha capela particular do século XVIII que existiu na antiga «Quinta Nova» [1] propriedade agrícola já desaparecida (hoje ocupada parcialmente pelo Centro Comercial “Rio Sul” junto à Estação do Fogueteiro).

Segundo nos relata a Comissão instaladora da Igreja da Torre da Marinha em Notas históricas da Construção da Nova Igreja da Torre da Marinha [2], a primeira nota do seu livro de actas refere-se a uma reunião em 9 de Novembro de 1991 em que estiveram presentes vários membros da comunidade, juntamente com o Pároco, Padre David Pinho Esteves.
Em 1993 já existia um projecto de arquitectura para a referida quinta.

Entretanto diversos foram os locais de culto em espaços provisórios onde se reuniam semanalmente os católicos desta localidade, entre eles:
- Instalações do Independente Futebol Clube (Torreense);
- Instalações dos Tempos Livres, junto ao Pavilhão Municipal da Torre da Marinha;

O lançamento da 1.ª pedra foi marcado para 16 de Outubro de 1994 com a presença do Sr. Bispo D. Manuel Martins, dos presidentes da Câmara e da Junta de Freguesia e representantes do Continente, em cujos terrenos se situava a referida quinta.

Dada a exiguidade do terreno encravado pelos diversos acessos quer ao Centro Comercial quer à Nova Estação do Fogueteiro, foi decido abandonar o projecto inicial e tentar a permuta dos terrenos por outros mais bem localizados, processo que durou de 1997 a 2004.

Em 18 de Agosto de 2004 iniciou-se o processo de licenciamento do novo projecto de arquitectura, da responsabilidade do Arquitecto Alberto José Marques (originário da freguesia de Arrentela), e a obtenção das licenças de construção, o que foi despachado em Maio de 2008, tendo-se formado então uma Comissão de obras, composta pelo Padre David, José Lopes da Silva, Luís Silva, Isaías Xavier dos Santos, António Aleixo e Duarte Castanheira, que passou a acompanhar todo o processo.

Em 1 de Julho de 2009 e depois de várias diligências começa a obra de construção da responsabilidade das seguintes empresas:
1ª Fase:
- Estruturas/Alvenarias/Rebocos Exteriores – “Britalar”
2ª Fase:
- Acabamentos Interiores da Capela de dia /Capela Mór /Coro Alto /Cartório e Sacristia /Salas mortuárias – “Iceblock”.
- Fiscalização:
“Negril”

Passado 1 ano da sua construção celebrou-se logo em 21 de Março de 2010, a 1.ª missa, presidida pelo Sr. Bispo de Setúbal, sendo então decidido dedicar a nova igreja a «Nossa Senhora de Fátima», primeira com este título no Concelho do Seixal [3].

Finalmente a igreja de N.ª Sr.ª de Fátima da Torre da Marinha é inaugurada e dedicada em 18 de Setembro de 2011, pelas 16h00m em cerimónia presidida pelo Sr. Bispo de Setúbal, D. Gilberto dos Reis, e pelo Pe. David acompanhado de outros padres da Diocese de Setúbal.

Nesta cerimónia, bastante concorrida, estiveram presentes além do concelebrantes, e membros da Comissão de Obras, os Presidentes da Câmara Municipal do Seixal, Sr. Alfredo Monteiro, e da Junta de Freguesia de Arrentela, D.ª Teresa Nunes, o autor do projecto, o Arq.º Alberto José Marques, outras autoridades locais, convidados e representantes das empresas de construção, e claro toda a Comunidade Católica da Torre da Marinha que preencheu na sua totalidade os lugares da Igreja.

 

Foi uma cerimónia bela e solene iniciada pelo descerramento no átrio, pelo Sr. Bispo, de uma placa em mármore evocativa da mesma, seguida pela entrega das chaves da Igreja ao Sr. Bispo, abertura da porta principal e a Entrada no Templo liderada pelo Pastor maior da Diocese seguido dos fiéis. Seguiram-se as cerimónias próprias do ritual de bênção e dedicação de novos templos católicos, incluindo a aspersão do altar e do templo, a unção do altar, a incensação do altar e do templo e a iluminação festiva.

Seguiu-se depois a celebração da Eucaristia, foco principal desta cerimónia, já no novo espaço sagrado.
Toda a cerimónia foi acompanhada de belos cantos corais e de uma excelente peça instrumental de flauta de matiz barroca, ambos favorecidos aliás pela excelente acústica do novo espaço de culto.
Por fim procedeu-se ainda à bênção do Sacrário e da Capela do Santíssimo.

Nos discursos finais além do Sr. Bispo D. Gilberto, falaram também, em nome da Comissão de Obras, o Sr. Duarte Castanheira, o Sr. Presidente da Câmara, a Sr.ª Presidente da Junta, e o Pároco, Pe. David, que transmitiu mensagens de felicitações quer do Sr. D. Manuel Martins, Bispo Emérito da Diocese de Setúbal, quer do Sr. D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, antigo Seminarista de S. Paulo de Almada.

(Igreja de N.ª Sr.ª de Fátima da Torre da Marinha)

Quanto ao edifício si trata-se de uma igreja moderna, cuja nave principal é um enorme volume elipsoidal em forma de torre e a fazer lembrar uma quilha de um navio. Os principais materiais de revestimento foram o cimento branco, o ladrilho cerâmico cor de tijolo, e o vidro, em especial nas pequenas janelas laterais, em janelões frontais virados a poente e ainda em secções do telhado, os quais introduziram no interior do templo uma luminosidade muito agradável e reconfortante.
O espaço de culto é constituído por uma ampla nave sem distinção entre a assembleia e a capela-mor, com uma altura de 4~5 pisos e com 2 conjuntos de 3 colunas apostas nas paredes laterais.

(Capela-mór)

A Capela mór contém além do altar mór, ao centro, uma cruz ao alto na parede de topo a qual não apresenta qualquer retábulo, apenas dois nichos laterais um do lado do evangelho com a imagem da padroeira «N.ª Sr.ª de Fátima» e outro do lado da epístola com a imagem de «S. José Operário», uma homenagem ao povo operário que esteve na génese e desenvolvimento desta localidade. Ambas as imagens adquiridas à empresa «Paramentaria de Fátima».

 
(Nichos de N.ª Sr.ª de Fátima e S. José Operário)

Ainda na Capela mór encontram-se do lado esquerdo a pia baptismal (sem baptistério) e o púlpito, ambos peças em mármore.

O corpo central da nave é ocupado pela assembleia que é constituída por aproximadamente 400 lugares sentados a que se juntam mais cerca de 250 lugares no coro-alto. Adjacentes à nave, do lado direito, temos ainda a Capela do Santíssimo com cerca de 50 lugares e onde se encontra o Sacrário, sem dúvida a peça de arte sacra mais interessante do novo templo, constituído por um cofre embutido na parede cuja porta apresenta o acrónimo IHS ladeado por Espigas e Cachos de Uvas, representando o Pão e o Vinho, ou seja o Corpo e o Sangue de Cristo.

(Sacrário)

Arquitectonicamente é um projecto cujo desenho exterior e a forma do remate frontal encimado pelo cruzeiro, apresenta claras reminiscências de Mario Botta (por ex.º da Catedral de Evry - França) embora aqui o cilindro seja transformado numa forma semi-elipsóide. O uso assimétrico das pequenas janelas, embora de forma muito mais modesta, recorda também «Notre Dame de Haut» de LeCorbusier obra matricial do Movimento de Renovação da Arte Religiosa do século XX. Por outro lado a utilização da simbologia marítima no desenho da igreja não é temática original, pois já fora utilizada, pelo menos em Portugal, pelo Pe. Manuel Gonçalves na Igreja de Caxinas (Vila do Conde) ou mais recentemente por Troufa Real na Igreja de S. Francisco Xavier (Lisboa), é no entanto aqui feita de uma forma muito mais subtil.



(Interior da Igreja)

O Interior do templo faz lembrar obras de referência da Arquitectura Religiosa Contemporânea Portuguesa, desde logo a luminosidade da Capela mór da Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa, de Nuno Teotónio Pereira, ou a verticalidade da nave da Igreja de Santa Maria do Marco de Canavezes, de Siza Vieira, ou a limpidez e sobriedade da Igreja de Santo António de Portalegre, de Carrilho da Graça.

Apesar do enquadramento urbanístico não deixar respirar o desenho e cercear as suas potencialidades, é no entanto um projecto que apresenta uma proposta iconográfica única e própria que lhe dá identidade e originalidade que honra sem dúvida o património arquitectónico e histórico da freguesia e do concelho.

(Fachada poente)

Estando agora concluída a fase de construção da igreja, cujo custo total foi de cerca de 1.800.000 €, dos quais faltam ainda pagar 300.000 €, esperamos que, e apesar das dificuldades dos tempos correntes, a generosidade do povo Arrentelense se manifeste mais uma vez, e como também o fizeram os seus antepassados quando edificaram e reconstruíram após o terramoto do 1755 a bela Igreja matriz, seja agora possível pagar o que falta e colocar rapidamente mãos à obra para concluir o restante projecto!

(Fachada nascente)

RUI M. MENDES
Arrentela, 18 de Setembro de 2011

Notas:
[1] Citada pelo Pe. Manuel Vieitas de Macedo, cura de Arrentela, nas Memórias Paroquiais de 1758 como a «Ermida de Santa Ana na quinta nova chamada do Ingres que é do Bartolomeu Xavier [Baptista], Oficial dos Contos», seria contudo mais antiga pois já em 1675 se celebrou um casamento na Quinta Nova (DGARQ-ADS, Registos Paroquiais, Arrentela, Casamentos, Liv. 3, fól. 60). Em 1706 era aparece nos registos paroquiais uma «Quinta Nova do Inglês» propriedade de Guilherme e Maria Barquer (DGARQ-ADS, Registos Paroquiais, Arrentela, Óbitos, Liv. 5, fól. 142v). No século XVIII e XIX esta quinta também foi conhecida por Quinta Nova do Rio Judeu.

[2] Comissão instaladora da Igreja da Torre da Marinha, Notas históricas da Construção da Nova Igreja da Torre da Marinha
Site: https://sites.google.com/site/paroquiadearrentela/igreja-da-torre-da-marinha/comissao-instaladora-da-igreja-da-torre-da-marinha

[3] Embora já exista uma capela particular da mesma invocação, réplica da existente na Cova da Iria e edificada em 1956 pelo comerciante Paulo Augusto dos Santos, na sua Quinta no Alto do Moinho, na sequência de uma promessa feita pela saúde da sua filha.

Ver também:
História da Paróquia de Arrentela e da Torre da Marinha
O Concelho do Seixal e a Fábrica de Lanifícios de Arrentela em 1862